sábado, 2 de maio de 2009

Eu me apaixonei pelo mar

Desde que completei 26 anos e me senti de carnes moles, rosto amarelo e alma gripada, pareço ter me apaixonado pelo mar.
Ando sentindo o seu toque eterno nas minhas pernas vacilantes contra a correnteza. O sol que respinga no espelho d'água anda me afogando ânsias. A qualquer hora eu corro pra ele, a qualquer hora. Mas já corri ontem e não o encontrei. Saí de minha casa no Centro e fui até o Caça e Pesca procurando o mar e ele nunca era o mar que eu queria, ou, pelo menos não era o que eu encontrei na vez passada. Era 1o de maio; talvez a data comemorativa, a ressaca da manhã de sol depois de dias de chuva e a praia lotada tenham interferido, eu sei. Enfim... A qualquer hora corro pra ele denovo, recorro a ele denovo...
Fato é que já comi, já li, já estudei, já rezei, já ruminei tudo que foi idéia e nada do mar sair da minha cabeça. Que brisa eterna! Ai! Que mim com o mar...
Que bom que estou só em casa. Mas e aew? Eu vou ou não ver o mar?
Eu vô, que eu num sou nem de algodão, que usôto pode e eu não.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lembrando Leminski

Ai daqueles que se amaram sem nenhuma briga
Aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse chaga antiga
Ai daqueles que se amaram
sem saber que amar
é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

qUaL o LugaR da aRTe?

Se eu pudesse acabar com essa retórica idiota, vinda de uma classe dominante, que é inclusive quem promove o circuito artístico mundial, eu diria: A Arte não tem lugar. Não tem mesmo, porque a condição de ser Arte é tão relativa quanto a resposta a essa questão. Ser Arte implica gosto particular, estética da época e do próprio artista e milhões de questões de abordagem pessoal e social. Essas que também são questões que se aplicam à pergunta que dá origem a essa postagem.
O que tilintou aqui na minha cabeça mesmo não foi a resposta a essa pergunta, mas fazer uma outra pergunta: De onde emana a Arte? Não há dúvida de que as galerias são pedras de gelo sempre fedendo a tinta fresca feitas pra poucos e que a Arte não é para o povo, sabe por quê?
Porque a Arte que vejo por aí por vezes é massiva, por vezes é segregacionista, fechada. Curioso é que nesses dois casos, que não são os únicos, é claro, não é do povo que brota a produção estética. Uma pequena classe de privilegiados produz, e o povo, o povo mesmo, nem vê os videos de Fulaninho de Tal ou as instalações de Cicraninha.
Fato é que mesmo que Arte vá pra rua, que percorra os espaços urbanos, ela corre o sério risco de não se comunicar, de não fazer fruir, ou de simplesmente não ser bela, como defendia Oscar Wilde.
Mas por quê? Por que nossa arte não é popular? Nossa arte não é popular por quê?
Mudemos de lugar então, ao invés de mudar o lugar da Arte, mudemos de modelo, então, ou então deixemos de modelo, deixemos de fazer tipo, por que essa nossa arte tá muito complicadinha.