terça-feira, 30 de junho de 2009

Oidicius, rezarp 3 rous ( zevlat)

Tenho acreditado que as coisas precisam possuir um começo, um meio, e um fim, que não é necessariamente um desfecho, mas uma despedida. Assim quero este diário de hoje. Quero esta narrativa cheia de memória, emoção, pensamento e fôlego. Assim acredito que serão os próximos dias da minha existência. Bem, já comecei...
Vou fugir. Vou viajar de bicicleta. Na verdade não tenho ainda certeza disso, mas escrevo pra vaticinar a idéia. Na verdade viajar é não aceitar. Não aceitar a intimidação que estou sentindo sofrer (E é de mim para mim). Preciso lembrar que respiro. Preciso fecundar a vida. O relaxamento perante o tédio doeu. Nem toda poesia do mundo junta num momento difuso, profuso e longinquo podem ser o motivo pra permanecer apático. Sou só dor.
Pretendo realmente não voltar. Poder ir me seduz e alucina. Me angustia. Fico me deliciando com as expectativas. Me deixar ou não brutalizar? NÃO, NÃOOOOOOOO... Existem pequenos papéis me informando afazeres por toda a casa. Este diário é só mais um. Na verdade, como já falei, escrevo pra vaticinar ânsias, expectativas, sonhos...
Poderia até escrever porque o instante existe. Mas não sou poeta. Troco toda a poesia do mundo por um prato de arroz com feijão. Escrever anda tão em vão... Não acredito que grafar a caneta num papel seja sensato.
Hoje, enfim, eu precisava fugir. Fui à praia, mas não era a praia que eu queria. Como e nunca pareço saciado. Fumo e nunca é o bastante. Viajar e escrever são diferentes. Vamos ora querendo portos-palavras onde chegar e ao mesmo tempo fazendo caminhos enviesados em que textos-estradas se alongam significativamente. Vou parar em alguma história-pensão de meio de estrada. Vou pedir abrigo pra alguma estalajadeira-dicionário ou algum sertanejo que tenha um quintal com uma cachorra magra (ou gorda, mas acho improvável), onde eu possa armar a rede e passar a noite.
Pela manhã, então, inicio um novo capítulo-percurso, que não siga muito reto, que não vá muito pra cima. Eu sigo, com início, meio e fim(talvez).
Ao mesmo, nada começou, ainda.